Maria com o Menino Jesus |
Temos muitas tradições que herdamos de nossos pais e avós e que praticamos no tempo do Natal. A montagem de uma árvore de natal, os enfeites natalinos por toda a casa, as luzes brilhantes e coloridas, a preparação da ceia de natal são símbolos da festa natalina que marcam e caracterizam tal momento. Mas há um símbolo ou um costume que na sua simplicidade reluz mais do que a lâmpada mais forte e bonita, que ofusca todo o luxo dos enfeites e que nos sacia mais do que uma ceia farta. Talvez esse símbolo seja o último a ser colocado, ou muitas vezes, o primeiro a ser ignorado.
No Natal fico a imaginar que inspiração levou o grande santo da Igreja, São Francisco de Assis a elaborar tamanho tesouro e símbolo de fé que mostra realmente o sentido verdadeiro do Natal. O presépio não traz nenhum enfeite, nenhuma guirlanda, nenhum pisca-pisca colorido; não se vê uma mesa onde se tenha comida farta e troca de presentes. Vê-se ali o Cristo que desce de sua majestade divina, se faz homem no ventre de uma mulher e nasce, fora de casa, em local totalmente despreparado; um local que era repouso de animais. Nesse local o Menino Deus repousa tranquilo, sereno, a contemplar os primeiros momentos de vida neste mundo. A Sagrada Família está formada. Maria e José admiram aquela cena. Deus cumpriu a promessa que fez ao seu povo. Alguns animais ali presentes, irracionais, percebem algo diferente. Um visitante diferente chegou.
Assim como muitas tradições da Igreja tomaram novos rumos de interpretação nesses últimos anos, a essência do Natal foi esquecida. As pessoas olham o presépio e veem nele mais um enfeite para suas casas. O presépio é um tapa na nossa face, é um alerta que Jesus faz para desapegarmos de tudo o que não é necessário, essencial à nossa caminhada aqui neste mundo. O Rei dos reis poderia ter nascido em palácios, cercado de criados, de mimos, de conforto, mas preferiu nascer em um estábulo cercado de animais e de homens simples, de pastores que ganhavam sua vida na labuta do redil. O Rei dos reis poderia ter nascido em um berço de ouro, confortável, macio, mas quis nascer em uma manjedoura, uma espécie de coxo, recoberta de palha. O Rei dos reis poderia ter sido revestido com o mais rico e precioso manto, mas preferiu ser envolto em faixas.
Papa Bento XVI contemplando o presépio do Vaticano |
Façamos então o propósito de nesse Natal contemplarmos meditativamente o presépio e ver nesse símbolo de fé a realidade de desapego que Cristo quer de nós para que não só valorizemos os enfeites e adornos natalinos, mas principalmente seu mistério de amor e doação por nós.
Um feliz e abençoado Natal a você caro leitor e a toda a sua família!
Salve Maria!
Seminarista Lucas Alerson de Sousa, conselheiro dos Marianinhos
[1] Missa de Natal “Povo de Deus Igreja Santa” do Padre José Cândido Silva. Edições Paulinas, 1977.
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