sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sebastião: exemplo de mártir

Imagem de São Sebastião em estilo barroco,
do Século XVIII, pertencente à antiga Igreja
Matriz de Resende Costa, demolida na
década de 30

O mês de Janeiro está terminando e com ele vamos refletindo os mistérios que a Igreja nos propôe. Neste mês temos a honra e a satisfação de celebrar um grande santo da Igreja, o glorioso mártir São Sebastião. Este homem é um grande exemplo de vivência do Evangelho e de testemunho de vida cristã, pois sendo mártir, deu sua vida em prol do anúncio do Evangelho e da conversão de pagãos ao Cristianismo ainda perseguido.

Sebastião foi um entre a multidão de cristãos que em sua época, por volta do ano 300 (séc. IV) foi perseguida por causa de sua profissão de fé em Jesus Cristo. Naqueles tempos, o Cristianismo ainda não era permitido e quem professasse publicamente sua fé correria o risco de ser preso e até morto.

A Igreja nunca viveu tempos de paz. Ora eram perseguições contra seus fiéis, ora graves heresias comprometiam o ensino da doutrina e a crença no Evangelho, ora a situação política da Europa interferia em sua organização. São Sebastião foi um homem consciente da realidade em que vivia, sabia dos perigos de ser cristão e de todas as consequências que isso o traria. Mesmo assim, diante de tudo e de todos, Sebastião não deixou que sufocassem seu amor e seu afeto pelo Cristo, pois sentia seu coração arder quando ouvia as palavras do Mestre.

A história deste grande Santo da Igreja é bem conhecida. São Sebastião viveu no século IV e serviu ao Império Romano como soldado. Devido à sua dedicação como soldado foi elevado ao cargo de capitão, comandando assim os outros soldados. Fontes históricas e da tradição da Igreja confirmam que Sebastião era um homem sensato, tranquilo e respeitoso para com todos. Às ocultas, São Sebastião ajudava os cristãos que eram presos e perseguidos pelo Imperador Diocleciano.

Por tanto bem que Sebastião prestava aos cristãos encarcerados causava ira e inveja em quem não tinha coragem de aceitar a força da Igreja nascente. Por causa disso, Sebastião foi entregue ao Imperador, e professando sua fé em Cristo, foi acusado de traição contra o Império. A mando do Imperador foi amarrado em uma árvore e transpassado por flechas. Este grande homem impulsionado pela graça de Deus sobreviveu a este atentado. Desmaiado, os soldados jogaram seu corpo em um buraco e eis que uma devota daquele lugar, Santa Irene, retirou seu corpo daquele local e, vendo que estava com vida, cuidou de suas feridas.

Passado algum tempo, Sebastião voltou ao palácio do Imperador e com coragem professou sua fé novamente diante do Imperador. Este, assustado por ver Sebastião vivo mandou que o açoitassem na sua frente para constatar que estava morto.

Eis o grande exemplo de coragem e destemor que São Sebastião nos dá. Apesar de sofrer as mais doloridas penas do martírio não se amedrontou e de maneira mais intensa reafirmou sua fé e seu amor para com o Cristo. Outra virtude que a tradição da Igreja reconhece em São Sebastião era a sua grande devoção para com a Virgem Maria.

O seu profundo respeito à Mãe de Deus e o seu amor inabalável a Cristo tornaram-no um cristão fervoroso e complacente para com os necessitados. A boa fama e conduta que São Sebastião tinha entre seus conhecidos, amigos e próximos era fruto de uma profunda experiência com o amor que aqueles primitivos cristãos tinham e que os motivavam a entregar suas vidas por algo maior e mais perfeito: a eternidade do céu.

O martírio é uma possibilidade e uma realidade. Quantas pessoas, assim como São Sebastião, doam suas vidas em prol do anúncio do Evangelho em terras que ainda não se despertaram para o amor de Cristo? Ou melhor, tranzendo para a nossa realidade, quantas pessoas no seio da Igreja sofrem espiritualmente uma perseguição da sociedade por serem verdadeiramente cristãos católicos comprometidos com os ensinamentos da Igreja e fiéis a ela?

Peçamos com bastante fervor o auxílio e a poderosa intercessão de São Sebastião para que assim como ele possamos vencer as barreiras do mundo e vitoriosos ingressarmos no Reino de Deus. Glorioso São Sebastião, livrai-nos da peste, da fome e da guerra e dai-nos forças para suportarmos com alegria e motivação todas as provações que a nós vierem.


Seminarista Lucas Alerson, conselheiro dos Marianinhos

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Santa Mãe de Deus

Santa Maria, a Mater Dei; a Theotokos

Bem sabemos que a Virgem Maria tem títulos diferentes; Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora da Penha de França, Nossa Senhora das Graças e muitos outros nomes. Mas, a Igreja celebra um destes títulos no primeiro dia do ano, no dia da paz; Santa Maria, Mãe de Deus.

Desde a época em que os Apóstolos de Jesus viviam ainda aqui neste mundo a Igreja já acreditava que Maria era a Mãe de Deus. Mas sempre houve algumas pessoas que não aceitavam isto, pois diziam que se Nossa Senhora fosse a Mãe de Deus ela seria maior que o próprio Deus. Mas estavam errados.

Jesus poderia ter vindo a Terra da forma que quisesse, mas preferiu nascer de uma mulher, por ser extremamente humilde. Há uma oração muita antiga, da Liturgia das Horas, que diz: “Aquele a quem adoram o céu, a terra, o mar, o que governa o mundo, na Virgem vem morar. A lua, o sol e os astros o servem, sem cessar. Mas ele vem no seio da Virgem se ocultar.” E é isto mesmo, o Rei e Senhor do Universo quis morar no útero de uma mulher para dela nascer e depois nos salvar.

Quando Maria foi visitar Isabel, ao saber que esta sua prima havia engravidado de seu esposo Zacarias, embora velhos, ouviu a mãe de João Batista dizer: “Como posso merecer que a Mãe do meu Senhor venha me visitar?” (Lc 1, 43) Ora, os judeus não chamavam ninguém de Senhor, a não ser ao próprio Deus. Então, como podemos ver, antes mesmo de Cristo nascer Maria já era chamada de Mãe de Deus.

E a Igreja declarou este fato como um dogma; uma verdade de fé revelada por Deus. Isto aconteceu no ano 431, no Concílio (espécie de reunião entre o Papa e os Bispos, onde o Espírito Santo os inspira e mostra a eles quais são as verdades da fé católica) de Éfeso, cidade já destruída, na atual Turquia. O Papa que declarou este dogma foi Celestino I, que desmentiu Nestório. Ele pregava que Jesus eram duas pessoas diferentes: uma que era deus e uma que era homem, por isso falava que Maria era não Mãe de Jesus Deus, mas apenas Mãe de Jesus Homem. Mas isto é inaceitável para os católicos, pois Jesus é Homem e Deus em apenas uma pessoa, e se Maria é Mãe do Homem Jesus, logo é Mãe do deus Filho, o Deus Jesus.

É por isso que a Igreja chama Maria de “Mater Dei” (Mãe de Deus, em latim) ou “Theotokos” (Mãe de Deus, em grego). Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós!



João Carlos Resende, coordenador dos Marianinhos